IECC-PMA » Áreas Coordenadas de Investigação » Gabinete de Estudos Bíblicos em Portugal
Gabinete de Estudos Bíblicos em Portugal (GEBPort)
Coordenador: Herculano Alves
Objectivos
O GEBPort pretende fazer a recolha e análise da receção da Bíblia em Portugal, desde a formação do país até à atualidade, reunindo investigação parcelar sobre os dados bibliográficos das diferentes tradições da Bíblia. É feita uma análise da Bíblia em Portugal sob diferentes perspetivas, história, edições, exegese, pastoral, liturgia, espiritualidade, literatura, entre outras.Projectos
A BÍBLIA EM PORTUGALUma obra em cinco períodos e seis volumes
Vol. 1: As Línguas do Texto Bíblico: 23 Séculos de Traduções da Bíblia (III a. C.–XXI d. C.). Este volume é uma Introdução geral a toda a obra. Já se encontra publicado pela Esfera do Caos (2017).
Vol. 2: A Bíblia na Idade Média, primeiro período histórico, que vai do séc. V ao XV.
Vol. 3: A Bíblia nos séc. XVI-XVII. Trata-se de um período que vai desde a invenção da imprensa de caracteres móveis até aos modernos estudos bíblicos de carácter científico.
Vol. 4: A Bíblia de João Ferreira Annes d’Almeida (1629-1690). Esta foi a primeira tradução quase completa da Bíblia para a língua portuguesa, e foi tema de uma tese de doutoramento em Teologia Bíblica já publicada.
Vol. 5: A Bíblia nos séc. XVIII-XIX. Este período prepara e celebra a chegada da primeira tradução completa da Bíblia, a partir da Vulgata Latina, feita pelo Pe. António Pereira de Figueiredo, com o respetivo Catálogo das suas edições.
Vol. 6: A Bíblia nos séc. XX-XXI. Dentro da Igreja católica, este período tem o seu apogeu no concílio Vaticano II.
Esquema de cada volume:
1. Ambiente cultural e religioso europeu, com as suas respetivas instituições, traduções da Bíblia, etc. São mencionadas as grandes traduções da Bíblia na Europa e, mais tarde, também no Brasil.
2. Instituições culturais e religiosas portuguesas que promoveram a Bíblia e as suas traduções.
3. Autores de traduções bíblicas para português, sendo estas devidamente caraterizadas.
4. Apresentação de uma recolha de dados bibliográficos, o mais completa possível.
Estado da Arte
Porquê um estudo sobre a Bíblia em Portugal?
Ao abordar um tema como este, surgem imediatamente perguntas deste tipo: “Quando começou a ler-se a Bíblia em português? Qual foi a primeira Bíblia na nossa língua? Que edições da Bíblia houve até hoje no nosso país e na nossa língua?...”. Com esta investigação, pretende-se prestar um contributo minimamente válido à Bíblia e, nela, à cultura portuguesa, em ordem a fornecer algumas respostas a estas e outras interrogações pertinentes.
Pretende-se, igualmente, apresentar uma reflexão sobre o nosso passado nacional, que, de algum modo, sirva de lição para o presente e para o futuro, não apenas no aspeto cultural, mas também religioso e eclesial. Se, num passado mais ou menos longínquo, em que a Bíblia era praticamente inacessível, os seus textos foram a base da formação cristã e cultural de muitas dezenas de gerações, muito mais o deveria ser hoje, época histórica em que a Bíblia se tornou o livro mais acessível a toda a gente.
Este projeto apoia-se nos seguintes pressupostos:
1. Muitos estudos dispersos. Ao perspetivar esta investigação, um facto salta à vista: há muitos temas relativos à Bíblia já tratados, mas de modo fragmentário e disperso. Ora, esta fragmentação e dispersão denotam, ao mesmo tempo, a ausência de algum bosquejo de estudo minimamente organizado sobre a Bíblia em Portugal. Queremos com isto dizer que as pesquisas feitas em bibliotecas não especializadas nestes assuntos, raramente nos oferecem artigos ou obras escritas acerca da Bíblia, o que indicia uma relativa ausência desta na reflexão e na cultura portuguesa. Será que o livro base da nossa cultura europeia foi arredado da cultura atual, mesmo no país dito católico, que é Portugal?
Constatámos igualmente que a temática bíblica não é a mais tratada, nem sequer em literatura de caráter religioso e mesmo católico. Este é um facto evidente que se poderia apresentar em muitos exemplos; nos próprios índices desses trabalhos científicos não se descortina facilmente a palavra Bíblia, nem mesmo uma outra equivalente. Isso levou-nos a apresentar uma recolha de dados bibliográficos, o mais completa possível, em ordem a oferecer ao público português, e não só, uma obra de conjunto e com uma estrutura capaz. De facto, os estudos parcelares existentes ofereceram muita da matéria-prima para esta reflexão de conjunto. Portanto, esta bibliografia já existente, embora dispersa, foi um ponto de partida para este estudo mais organizado.
2. Ocasião deste estudo. Esta apresentou-se no contexto da investigação feita sobre a história da Bíblia de João Ferreira Annes d’Almeida. A investigação deveria continuar para além desse estudo, pois havia material bibliográfico e conteúdo mais que suficientes para levar a efeito essa tarefa. No meio de muitas outras ocupações de caráter bíblico – sobretudo de pastoral bíblica e ensino universitário – fomos aproveitando todas as oportunidades para realizar paulatinamente esta enorme tarefa. Uma obra destas merecia uma equipa de investigadores de caráter interdisciplinar, ainda mais ampla.
3. Dentro desta perspetiva global, tentamos não deixar de lado nenhum dos aspetos que tinham sido colocados no nosso horizonte: A Bíblia em Portugal, vista por várias perspetivas: história, edições, exegese, pastoral, liturgia, espiritualidade, literatura, etc.; isto é, as expressões vivenciadas da Bíblia, e não apenas os aspetos puramente históricos e/ou literários da mesma. Pois a Bíblia não é um livro como outro qualquer, um livro histórico para simples estudo. Falar da Bíblia é falar de outras dimensões que têm a ver com a vida integral das pessoas e das respetivas culturas.
De facto, ao falar da presença da Bíblia no devir da história de um povo, não podemos cingir-nos à simples enumeração e fria análise das suas edições. Estes aspetos são muito importantes, mas devem ser vistos num campo de visão mais alargado, que ultrapasse os simples aspetos culturais e se situem na abrangência da totalidade da pessoa humana. É a partir desta recolha de dados e dentro do leque destas diferentes perspetivas que se pode fazer uma ideia, o mais rigorosa possível, da presença da Bíblia na caminhada de um povo, na vida interior de uma cultura.
4. O enorme âmbito temporal – do séc. XI ao XXI – obrigou o autor desta obra a resumir os conteúdos ao possível. Este estudo começa mesmo com os mais antigos personagens dos séculos anteriores à Idade Média, mas que marcaram uma presença significativa no panorama histórico, cultural e religioso no território que viria a chamar-se Portugal. Portanto, dado o imenso âmbito temporal, não se pode pretender dizer tudo sobre qualquer assunto específico, nem abordar todos os assuntos, mas sobretudo apresentar pistas para futuros estudos mais aprofundados sobre determinadas matérias ou épocas históricas específicas. Mais não se pode fazer para um espaço temporal de mais de mil anos. De facto, falar da Bíblia em Portugal é entrar numa “auto-estrada” onde vão “desaguar” muitas outras estradas, caminhos e carreiros, que não se podem percorrer todos ao mesmo tempo, nem até aos seus limites. Tentamos não sair da “auto-estrada”, mas, ao acompanhar o leitor, vamos apontando outras saídas por onde este pode caminhar e explorar, à sua vontade, o território que encontrar diante de si. Isso aconteceu já com A Bíblia de João Ferreira Annes d’Almeida, obra na qual as pistas apontadas para novos estudos deram já alguns frutos, sobretudo no Brasil.
5. Tratar esta questão é, naturalmente, colocar-se dentro do âmbito da História Eclesiástica portuguesa. Por isso, logicamente, a bibliografia aqui utilizada situa-se mais neste sector da investigação, sem descurar outros em que se situa a própria Bíblia, mormente a literatura. Trata-se, pois, de uma investigação sectorial, ou seja, apesar de abarcar um enorme âmbito temporal, a perspetiva é, naturalmente, restringida ao objetivo referido.
Apesar de ser uma investigação deste tipo, não se colocou de lado nenhum elemento essencial que pudesse contribuir para a melhor compreensão dos objetivos traçados. Estamos a referir-nos à história, aos diferentes géneros de literatura religiosa e mesmo aos acontecimentos sociais, políticos e religiosos, que lhe servem de contexto.
Investigadores
Ana Raquel Filipe BrancoMaria Olinda Reis Silva Vieira (Secretariado e Revisão Editorial)
Olinda Ribeiro
Simão Daniel da Silva
Timóteo Cavaco
Publicações
- A BÍBLIA EM PORTUGAL
Herculano Alves