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Gabinete de Estudos de Parenética João Francisco Marques (criado em parceria com o CLEPUL) (GEPAR)
Coordenador: José Eduardo Franco e Amélia Polónia
Em homenagem ao Professor Padre João Francisco Marques (1929-2015).

Instituições científicas associadas:
- Sociedade Portuguesa de Retórica;
- CIDH | Cátedra Infante Dom Henrique para os Estudos Insulares Atlânticos e a Globalização - acolhida pela Universidade Aberta.
NOTA BIOGRÁFICA
João Francisco Marques nasceu a 9 de Janeiro de 1929, na Póvoa de Varzim. Estudou Humanidades, Filosofia e Teologia nos Seminários Arquidiocesanos de Braga, recebendo, em 1952, o presbiterado. Licenciou-se em História pela Universidade de Coimbra (1970), foi professor efetivo e metodológico do ensino liceal (1973), docente da Faculdade de Letras do Porto (1976) e da Universidade Católica nos núcleos de Braga (1977-1979) e Porto (1986-1992). Foi, em Paris (1979-1981), discípulo de figuras cimeiras da historiografia francesa contemporânea, como Jacques Le Brun e Jean Delumeau, orientador e arguente da sua tese de doutoramento em História na Universidade do Porto (1984), o qual foi aprovado por unanimidade, com distinção e louvor. Professor catedrático até à jubilação (1999) na Faculdade de Letras do Porto, de que foi Presidente do Conselho Diretivo (1984-1987), lecionou matérias no âmbito da Teoria da História e da Cultura Portuguesa, Sociologia dos Factos Religiosos e Crítica Textual e dirigiu seminários do mestrado de História Moderna. Pertenceu aos Conselhos Científicos da Universidade do Porto e da Escola Superior de Educação de Bragança, e ao Centro Norte de Portugal – Aquitânia, havendo presidido à Comissão Diocesana de Braga dos "Cinco Séculos de Evangelização e Encontro de Culturas (1990-2000)". Foi académico de mérito da Academia Portuguesa de História, Presidente da Direção do Centro de Estudos Regianos e da Unidade de Investigação da Fundação Ciência e Tecnologia (IHM-UP), membro do Centro Interuniversitário de História da Espiritualidade, do Centro de Estudos Africanos (FLUP) e do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa. Como diretor do Museu Municipal de Etnografia e História da Póvoa de Varzim (1976-1985), recebeu em Londres o Prémio Internacional "European of the Year Award" de 1980, concedido à melhor exposição temática apresentada pelos museus europeus, atribuído a Siglas Poveiras, exposição que concebeu e dirigiu, pertencendo-lhe a iniciativa da recuperação e ampliação do seu primitivo edifício.
João Francisco Marques foi um nome grande da historiografia portuguesa contemporânea. Com base em pesquisas documentais exaustivas e rigorosas ao longo de mais de cinquenta anos, os seus estudos aprofundados de campos quase ermos, em termos de uma abordagem crítica moderna, como a oratória sagrada, o papel dos confessores régios nas cortes portuguesas, a pregação ideológica e a ação de eclesiásticos no plano político durante o complexo processo da Restauração Portuguesa, o sebastianismo e a utopia do Quinto Império, resultaram em mais de uma centena de trabalhos publicados em revistas, coletâneas, obras coletivas editadas no nosso país e no estrangeiro, sendo de destacar a sua importante participação no segundo volume da História Religiosa em Portugal, no Dicionário de História Religiosa de Portugal, na Enciclopédia de Fátima, e, mais recentemente, na coordenação dos vários volumes relativos à parenética da Obra Completa do Padre António Vieira (2014). A sua obra magna, A Parenética Portuguesa e a Restauração 1640-1668, que o consagrou como estudioso da Oratória portuguesa, é uma obra preciosa e obrigatória para todos os que visitam o século XVII português e se interessam pela problemática religiosa-política e pela sociologia ideológica do conturbado período da transição do domínio espanhol para a independência portuguesa.
Mas a fascinante personalidade de João Francisco Marques – inteligente, possuidora de uma afabilidade rara, detentora de um superior sentido de humor divertido, multifacetada na escrita e nos interesses culturais – não marcou o saber historiográfico apenas pela investigação inovadora. Deixa também a sua marca na cultura portuguesa pelo convívio fecundo com grandes homens da literatura e do cinema, entre os quais cumpre destacar José Régio e Manoel d’Oliveira. Em favor do primeiro, promoveu a criação do Centro de Estudos Regianos, em Vila do Conde. Do segundo, foi um dos seus mais fiéis conselheiros e amigos, assessorando-o, no domínio da sua especialidade, em várias peças cinematográficas realizadas pelo cineasta, tendo chegado a entrar em alguns dos seus filmes como ator. Vestido de cardeal, contracenou com Lima Duarte, que encarnou o mais notável pregador português de todos os tempos, António Vieira, num filme célebre sobre a sua vida, Palavra e Utopia.
Sacerdote e estudioso incansável até ao último momento da sua vida repleta de sentido, faleceu aos 86 anos, em sua casa, na Póvoa de Varzim, a 6 de Março de 2015.
Projectos
Dicionário Bio-Bibliográfico da Parenética Portuguesa Impressa (projeto principal)Investigadores
Cristiana Isabel Lucas SilvaJoana Balsa de Pinho
João Peixe
Luís Pinheiro
Manuel Marques
Paula Cristina Ferreira da Costa Carreira
Susana Mourato Alves-Jesus